O Clube Europeu do AE Valongo esteve presente na Comemoração do Centenário da 1ª Guerra Mundial, Poppy Day para os ingleses...
[…] Às 11 horas da manhã de 11 de Novembro de
1918, entrou em vigor o armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial .
Formalmente, no entanto, o final da Primeira Guerra aconteceu com a assinatura
do Tratado de Versalhes, em junho do ano seguinte.
Faz hoje cem anos. A
11 de Novembro de 1918, era assinado o Armistício que punha fim àquela que
todos chamavam a Grande Guerra. Tinha começado quatro anos e meio antes, a 28
de Junho de 1914, quando um nacionalista sérvio, Gravrilo Princip, assassinara
o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Fernando,
na pequena cidade de Sarajevo. A Europa ficou chocada, mas talvez não fosse
motivo para preocupação. Afinal, não era o primeiro e não seria o último dos
assassinatos políticos. Eram sempre uma comoção interna, mas nunca tinham tido
repercussão internacional. Jamais se imaginou que tal pudesse desencadear uma
crise e muito menos um conflito à escala mundial. Porém, o clima de
nacionalismo exacerbado, a teia de acordos secretos entre as potências
europeias e uma sucessão de acontecimentos mal entendidos conduziu, em pouco
mais de um mês, a uma guerra generalizada.
Uma guerra que mobilizou, bem entendido, milhões de
soldados e as tecnologias militares mais avançadas. Mas que mobilizou muito
mais do que isso, nações inteiras. A economia, a sociedade e a opinião pública,
tudo se organiza em função da guerra: a indústria para a produção do armamento;
os transportes param a mobilização das tropas; o mercado de trabalho que, com
os homens na frente de batalha, se abre às mulheres; a propaganda para
moralizar as tropas, mobilizar as opiniões públicas e legitimar o esforço de
guerra. O Estado cresce com as novas funções: planeia, organiza, intervém, onde
jamais pensara intervir. Os governos reforçam os mecanismos de controlo sobre a
economia e a sociedade. […] . Militares e civis estão todos em guerra. [..]. As
consequências, essas, foram devastadoras. Os números não conseguem traduzir o
horror: 10 milhões de soldados mortos, 20 milhões de feridos e mutilados,
milhares de civis mortos durante o conflito, vítimas da fome da epidemia ou da
violência. E, claro, o colapso de três impérios: o alemão, o austro-húngaro e o
otomano.
A Grande Guerra mudou
o mundo e as suas consequências ainda hoje se fazem sentir. Dos tratados de paz
surgiram novas ideias, uma nova geografia política e uma nova ordem
internacional. Muitas das fronteiras na Europa e no Médio Oriente são, ainda
hoje, o resultado dos acordos de paz da pós-Primeira Guerra. Do colapso dos
grandes impérios[…] , nasceu uma pluralidade de Estados com nomes nunca vistos,
como Jugoslávia ou Iraque. […] Não
sabemos ao certo o que teria acontecido se o destino tivesse sido outro, mas o
que sabemos é que desde então a violência dos nacionalismos étnicos ou dos
fundamentalismos religiosos não deixou de fazer vítimas e espalhar o horror.
[…]
O teatro central da
guerra foi a Europa {…] . O final da guerra gerou o declínio da Europa e a
ascensão dos Estados Unidos. A Grande Guerra enfraqueceu a confiança da Europa
em si própria.
Portugal acabou por
abandonar a neutralidade inicial, em parte pela necessidade de afirmação da
jovem República (proclamada 4 anos antes) no contexto internacional, em parte
pela necessidade de defesa dos seus interesses coloniais em África. África foi,
de resto, o primeiro palco de guerra das tropas portuguesas.
Só em princípios de
1917 se inicia o envio de tropas portuguesas para a Flandres, com o primeiro
contingente do Corpo Expedicionário Português (C.E.P.) a embarcar, em janeiro,
a bordo de três vapores ingleses. Este exército, composto por cerca de 30.000
homens, foi sujeito a uma instrução preparatória intensiva de nove meses, sob a
direção do então ministro de Guerra, o general Norton de Matos. Ficaria
conhecida como "Milagre de Tancos". Visivelmente mal preparado e
equipado, o C.E.P. sofreu pesadas baixas, sendo tristemente célebre a data de 9
de Abril de 1918, que assinala a Batalha de La Lys, onde os portugueses
perderam mais de sete mil homens, mortos ou feitos prisioneiros do inimigo.
As trincheiras são uma imagem de marca da primeira guerra mundial. As
linhas contínuas que se abriram durante o conflito formaram uma verdadeira
fronteira de guerra e levaram ao reconhecimento da superioridade do poder do
fogo sobre o do movimento. O quotidiano nestes buracos cavados na terra era
penoso, especialmente durante os invernos chuvosos. Os alagamentos pioravam as
condições sanitárias e as doenças que se contraíam nas trincheiras provocaram
muitas baixas dos dois lados. Há exceção de ataques planeados, a rotina das
trincheiras só era quebrada pelos disparos ocasionais de atiradores
Vozes das trincheiras…
Jaime Cortesão (médico, escritor e deputado republicano …” fui ferido com
gases estive muito mal… cego durante meses e conservo dos gases más recordações
“
“As nossas famílias de cá mandaram bacalhau para fazermos a Ceia de Natal.
Ao fazer a ceia houve um que se pós a chorar… escangalhou a festa!
“Ao chegarmos ao golfo da Biscaia fomos atacados por um submarino alemão…
os alemães faziam abrigo em Espanha e saíam para atacar todas as embarcações”
“ Fui ferido….para sermos evacuados …eu fui evacuado por uma janela com a
minha maca puxada… na altura uma granada caúu da parede …raspou-se tudo ..Ficou
o médico e um alemão que me levaram até à ambulância “.
“Eu estive até ao dia 9 de Abril e fiquei prisioneiro naquela grande
batalha de la Lys. Na Alemanha … fome de arromba”
!Em 9 de Abril de 1918 começou o grande bombardeamento, terrível bombardeamento
que a gente não esperava… o que se via era terra pelo ar, morteiros pesados,
morteiros ligeiros, era metralhadoras, era a artilharia… não sabia onde me
meter. As munições enterradas, muita gente morreu, mesmo sem ser feridos, a
terra levantava e enterrava as pessoas e não podíamos acudir “
A mobilização do País
para a guerra, convocando todos os recursos, humanos e materiais, ficou longe
de suscitar o consenso, aumentando a contestação contra o governo A Guerra
agravou as fragilidades económicas, acentuou divergências políticas e
aprofundou diferenças sociais.
Ao impacto da Guerra
ficou a somar-se o pesado saldo humano e material da participação portuguesa.
A I República, a
prazo, cairia, tendo os efeitos da Guerra tido um peso determinante nesse
desfecho,
A
Grande Guerra mudou o mundo e as suas consequências ainda hoje se fazem sentir.
Foi a primeira guerra industrial e de massas.
“Quem
luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em
monstro.”
Friedrich
Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal
Remembrance Day, dia da lembrança, em português, acontece em
11 de novembro desde 1919. A iniciativa de se criar um dia para lembrar os soldados
mortos em conflitos, foi lançada pelo Rei George V, logo depois do final da
Primeira Grande Guerra. Além do valor simbólico, é uma data com algumas
curiosidades que valem a pena se conhecer.
A
papoula foi adotada como símbolo do Remembrance Day porque começou a nascer nos
campos de batalha da Segunda Grande Guerra. Foi inevitável, portanto, a
associação da flor à ideia de renascimento. Por isso, o Dia da Lembrança também
é conhecido como ‘Poppy Day“.