terça-feira, 20 de novembro de 2018

Comemoração do 1º Centenário da 1ª Guerra Mundial


 O Clube Europeu do AE Valongo esteve presente na Comemoração do Centenário da 1ª Guerra Mundial, Poppy Day para os ingleses... 













[…] Às 11 horas da manhã de 11 de Novembro de 1918, entrou em vigor o armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial . Formalmente, no entanto, o final da Primeira Guerra aconteceu com a assinatura do Tratado de Versalhes, em junho do ano seguinte.
Faz hoje cem anos. A 11 de Novembro de 1918, era assinado o Armistício que punha fim àquela que todos chamavam a Grande Guerra. Tinha começado quatro anos e meio antes, a 28 de Junho de 1914, quando um nacionalista sérvio, Gravrilo Princip, assassinara o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Fernando, na pequena cidade de Sarajevo. A Europa ficou chocada, mas talvez não fosse motivo para preocupação. Afinal, não era o primeiro e não seria o último dos assassinatos políticos. Eram sempre uma comoção interna, mas nunca tinham tido repercussão internacional. Jamais se imaginou que tal pudesse desencadear uma crise e muito menos um conflito à escala mundial. Porém, o clima de nacionalismo exacerbado, a teia de acordos secretos entre as potências europeias e uma sucessão de acontecimentos mal entendidos conduziu, em pouco mais de um mês, a uma guerra generalizada.
 Uma guerra que mobilizou, bem entendido, milhões de soldados e as tecnologias militares mais avançadas. Mas que mobilizou muito mais do que isso, nações inteiras. A economia, a sociedade e a opinião pública, tudo se organiza em função da guerra: a indústria para a produção do armamento; os transportes param a mobilização das tropas; o mercado de trabalho que, com os homens na frente de batalha, se abre às mulheres; a propaganda para moralizar as tropas, mobilizar as opiniões públicas e legitimar o esforço de guerra. O Estado cresce com as novas funções: planeia, organiza, intervém, onde jamais pensara intervir. Os governos reforçam os mecanismos de controlo sobre a economia e a sociedade. […] . Militares e civis estão todos em guerra. [..]. As consequências, essas, foram devastadoras. Os números não conseguem traduzir o horror: 10 milhões de soldados mortos, 20 milhões de feridos e mutilados, milhares de civis mortos durante o conflito, vítimas da fome da epidemia ou da violência. E, claro, o colapso de três impérios: o alemão, o austro-húngaro e o otomano.
A Grande Guerra mudou o mundo e as suas consequências ainda hoje se fazem sentir. Dos tratados de paz surgiram novas ideias, uma nova geografia política e uma nova ordem internacional. Muitas das fronteiras na Europa e no Médio Oriente são, ainda hoje, o resultado dos acordos de paz da pós-Primeira Guerra. Do colapso dos grandes impérios[…] , nasceu uma pluralidade de Estados com nomes nunca vistos, como Jugoslávia ou Iraque.  […] Não sabemos ao certo o que teria acontecido se o destino tivesse sido outro, mas o que sabemos é que desde então a violência dos nacionalismos étnicos ou dos fundamentalismos religiosos não deixou de fazer vítimas e espalhar o horror. […]
O teatro central da guerra foi a Europa {…] . O final da guerra gerou o declínio da Europa e a ascensão dos Estados Unidos. A Grande Guerra enfraqueceu a confiança da Europa em si própria.
Portugal acabou por abandonar a neutralidade inicial, em parte pela necessidade de afirmação da jovem República (proclamada 4 anos antes) no contexto internacional, em parte pela necessidade de defesa dos seus interesses coloniais em África. África foi, de resto, o primeiro palco de guerra das tropas portuguesas.
Só em princípios de 1917 se inicia o envio de tropas portuguesas para a Flandres, com o primeiro contingente do Corpo Expedicionário Português (C.E.P.) a embarcar, em janeiro, a bordo de três vapores ingleses. Este exército, composto por cerca de 30.000 homens, foi sujeito a uma instrução preparatória intensiva de nove meses, sob a direção do então ministro de Guerra, o general Norton de Matos. Ficaria conhecida como "Milagre de Tancos". Visivelmente mal preparado e equipado, o C.E.P. sofreu pesadas baixas, sendo tristemente célebre a data de 9 de Abril de 1918, que assinala a Batalha de La Lys, onde os portugueses perderam mais de sete mil homens, mortos ou feitos prisioneiros do inimigo.
As trincheiras são uma imagem de marca da primeira guerra mundial. As linhas contínuas que se abriram durante o conflito formaram uma verdadeira fronteira de guerra e levaram ao reconhecimento da superioridade do poder do fogo sobre o do movimento. O quotidiano nestes buracos cavados na terra era penoso, especialmente durante os invernos chuvosos. Os alagamentos pioravam as condições sanitárias e as doenças que se contraíam nas trincheiras provocaram muitas baixas dos dois lados. Há exceção de ataques planeados, a rotina das trincheiras só era quebrada pelos disparos ocasionais de atiradores

Vozes das trincheiras…
Jaime Cortesão (médico, escritor e deputado republicano …” fui ferido com gases estive muito mal… cego durante meses e conservo dos gases más recordações “
“As nossas famílias de cá mandaram bacalhau para fazermos a Ceia de Natal. Ao fazer a ceia houve um que se pós a chorar… escangalhou a festa!
“Ao chegarmos ao golfo da Biscaia fomos atacados por um submarino alemão… os alemães faziam abrigo em Espanha e saíam para atacar todas as embarcações”

“ Fui ferido….para sermos evacuados …eu fui evacuado por uma janela com a minha maca puxada… na altura uma granada caúu da parede …raspou-se tudo ..Ficou o médico e um alemão que me levaram até à ambulância “.
“Eu estive até ao dia 9 de Abril e fiquei prisioneiro naquela grande batalha de la Lys. Na Alemanha … fome de arromba”

!Em 9 de Abril de 1918 começou o grande bombardeamento, terrível bombardeamento que a gente não esperava… o que se via era terra pelo ar, morteiros pesados, morteiros ligeiros, era metralhadoras, era a artilharia… não sabia onde me meter. As munições enterradas, muita gente morreu, mesmo sem ser feridos, a terra levantava e enterrava as pessoas e não podíamos acudir “
A mobilização do País para a guerra, convocando todos os recursos, humanos e materiais, ficou longe de suscitar o consenso, aumentando a contestação contra o governo A Guerra agravou as fragilidades económicas, acentuou divergências políticas e aprofundou diferenças sociais.
Ao impacto da Guerra ficou a somar-se o pesado saldo humano e material da participação portuguesa.
A I República, a prazo, cairia, tendo os efeitos da Guerra tido um peso determinante nesse desfecho,

A Grande Guerra mudou o mundo e as suas consequências ainda hoje se fazem sentir. Foi a primeira guerra industrial e de massas.
“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro.”
Friedrich Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal


Remembrance Day, dia da lembrança, em português, acontece em 11 de novembro desde 1919. A iniciativa de se criar um dia para lembrar os soldados mortos em conflitos, foi lançada pelo Rei George V, logo depois do final da Primeira Grande Guerra. Além do valor simbólico, é uma data com algumas curiosidades que valem a pena se conhecer.
A papoula foi adotada como símbolo do Remembrance Day porque começou a nascer nos campos de batalha da Segunda Grande Guerra. Foi inevitável, portanto, a associação da flor à ideia de renascimento. Por isso, o Dia da Lembrança também é conhecido como ‘Poppy Day“.

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